O modelo de produção animal que há muito vem sendo praticado pelo agro, com o argumento de promover a oferta de alimentos e a luta contra a fome, não conseguiu cumprir com esse propósito até o momento, além de gerar grandes impactos ambientais, sociais e culturais. O desmatamento para produção de pastagens e de grãos, a intensificação no manejo e confinamento dos animais empobrecendo o bem-estar destes e a pressão de seleção por animais mais produtivos, vem contribuindo, para além de outros aspectos, com a redução da biodiversidade.
Genótipos adaptados às condições ambientais encontradas no nordeste do Brasil, têm sido substituídos por raças mais especializadas para a produção, porém com pouca ou nenhuma rusticidade. Mesmo animais adaptados, necessitam de condições mínimas para sua mantença, reprodução e produção. Portanto, além de ser urgente a difusão de práticas que promovam a manutenção e perpetuação dos genótipos mais rústicos, faz-se necessária apropriação de práticas que favoreçam a expressão do seu comportamento natural, que forneçam condições de conforto térmico e que prezem pelo bem-estar de todos.
Nesse sentido, o fortalecimento dessas práticas junto aos agricultores familiares (mulheres, homens, jovens e crianças) é de extrema importância, uma vez que muitos destes seguem conservando raças e tipos mais adaptados, não pelo conhecimento adquirido na academia, mas pela arte de criar.
Dessa forma, esse projeto surgiu a partir de um desejo de docentes, discentes e criadores de animais da agricultura familiar, como propósito de difundir e trocar saberes acerca de práticas com vistas ao bem-estar dos animais de produção, como o manejo racional, medidas de contenção adequada dos animais, conforto térmico das instalações e fortalecimento da criação de genótipos adaptados à região.
Algumas atividades realizadas foram: aplicação de entrevista semiestruturada para uma melhor compreensão do trabalho da comunidade e caracterização da produção animal; palestras e rodas de conversa com foco no bem-estar animal; além de práticas, que em conjunto com outros projetos, foram realizadas na comunidade e propriedade assistida, como identificação dos animais, conservação de alimentos e medidas preventivas de enfermidades, buscando sempre o diálogo e a construção coletiva para o bem viver dos animais e das pessoas.
Todos os envolvidos, em todos os encontros e práticas, puderam sentir o quão é gratificante e transformador a interação dialógica entre a sociedade e a universidade, contribuindo para o crescimento técnico e pessoal de produtores, estudantes e professores.
Aturores/as: Caio Oliveira Santos; Jayna Mayse da Silva Sousa; Priscila Teixeira de Souza Carneiro; Viviany Lúcia Fernandes dos Santos; Pollyana Oliveira da Silva
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